Mineradores de BTC enfrentam crise e desespero
A mineração de Bitcoin (BTC) está passando por uma fase bem complicada. Recentemente, uma análise revelou que, mesmo com o Bitcoin tentando se estabilizar na faixa de US$ 87 mil, a situação estrutural do setor parece estar fraquejando. Dessa forma, os mineradores se tornaram o elo mais vulnerável dessa corrente.
O preço da criptomoeda vem enfrentando desafios para se firmar, especialmente após o ‘flash crash’ de dezembro. A indústria que mantém a rede do Bitcoin está lutando duro para lidar com custos crescentes e um retorno que parece cada vez mais distante. Segundo a BRN, a receita por petahash caiu de US$ 55 para US$ 35. Esse valor já está abaixo do custo total médio das mineradoras, que gira em torno de US$ 44.
E quando falamos em custo total, não estamos só mencionando o preço da energia. Isso inclui a depreciação dos equipamentos, taxas de hospedagem, manutenção, refrigeração e mão de obra. Além disso, é crucial investir em hardwares mais potentes, uma vez que o hashrate global está em constante crescimento. A rede opera em torno de 1,1 zettahash, e quem não acompanhar essa evolução acaba perdendo participação nas recompensas.
Mineradores de Bitcoin vivem momento complicado
Timothy Misir, chefe de pesquisa da BRN, apontou que o tempo de retorno dos investimentos já ultrapassou os 1.000 dias, o que é mais longo do que o período que resta até o próximo halving. Ele ainda alertou que uma queda do Bitcoin para menos de US$ 85 mil poderia forçar mineradores menores a liquidar ativos rapidamente, aumentando o risco de capitulação. Isso gera uma pressão vendedora sobre o mercado, pois esses mineradores, já estressados, precisam vender suas reservas para continuar operando.
E tudo isso acontece em um cenário onde o preço do Bitcoin apresenta respostas misturadas. A tentativa de recuperação para US$ 87 mil não teve suporte sólido de grandes investidores, nem mesmo dos próprios mineradores. Para adicionar mais incerteza, a liquidação de mais de US$ 350 milhões em posições alavancadas no início do mês deixou o mercado ainda mais cauteloso, enquanto as altcoins também não demonstram força. Com ETH perto de US$ 2.800, BNB em US$ 830 e SOL a US$ 126, o mercado parece estar apenas se estabilizando, longe de uma verdadeira recuperação.
Macroeconomia também não ajuda
No âmbito macroeconômico, a situação não é das melhores para o Bitcoin. O Federal Reserve encerrou seu programa de aperto quantitativo e injetou US$ 13,5 bilhões no sistema bancário, o que é o segundo maior aporte desde a pandemia. Contudo, o mercado se mostrou indiferente a essas medidas. Segundo o analista Mike Ermolaev, a liquidez até voltou, mas o apetite por risco está em baixa. O índice PMI industrial dos EUA, que ficou em 48,2, reforça essa percepção de desaceleração econômica, fazendo com que investidores mantenham suas apostas em ativos mais seguros.
Enquanto isso, o ouro tem se destacado com uma alta de 60% no ano, e a prata subiu mais de 100%. Em contrapartida, o Bitcoin sofreu uma queda de 10% em 2025, mostrando claramente uma mudança em direção a alternativas mais seguras. Nos mercados de opções, a demanda por puts a preços de US$ 84 mil e US$ 80 mil aumentou, sinalizando uma preocupação com novas quedas.
Análise técnica do Bitcoin
Analisando tecnicamente, o Bitcoin ainda se mantém acima de US$ 85 mil, mas está distante das médias de 100 e 200 dias, o que indica um viés de baixa no médio prazo. A faixa entre US$ 85 mil e US$ 90 mil se configura como uma zona de consolidação. Se esse suporte for perdido de forma consistente, é provável que a pressão vendedora aumente, empurrando o preço para a região de US$ 80 mil, um nível historicamente defendido por compradores de longo prazo.
Por outro lado, uma possível alta em direção a US$ 90 mil seria vista apenas como um ajuste técnico, sem indicar uma tendência sólida. Alguns especialistas acreditam que estamos perto de um fundo no curto prazo, já que a pausa nas saídas de ETFs e a estabilização das vendas de investidores antigos sugerem um esgotamento da pressão vendedora. Contudo, essa leve alívio não necessariamente reflete otimismo entre os mineradores, que continuam enfrentando margens menores e dificuldades para financiar atualizações.
Se o setor de mineração continuar se deteriorando, isso pode desencadear um efeito dominó. Historicamente, ondas de capitulação nos preços das criptomoedas resultam em um aumento da oferta no curto prazo, o que, por sua vez, diminui a força estrutural da rede e pode acabar derretendo o preço.





